lundi 2 novembre 2009

quimera 2

não sei por que o céu estava púrpura. as poças no chão, da chuva instantânea que assombra nossas sobrancelhas, refletem cores pausadas e neon das propagandas. lâmpadas esparças afrontam a escuridão dominante do céu e do campo. campo vazio, tomado pelo mato alto que sofre pela ausência de personagens.
o gosto estranho invade novamente minha boca. vontade de cuspir, regugitar. mas tenho medo. arrepia os ossos e contrai os músculos. tento engolir o máximo de ar rarefeito. e seguro seguro seguro...
me conforta o barulho dos pneus no asfalto, e os faróis que vagueiam nas veias asfaltadas. minha cabeça se cobre por teias de aranha, pedestres me estranham.
mas é bom o cheiro do molhado evaporando e do exalar de todas as folhas. minha asfixia anseia por mais vida e mais solidão. me pergunto qual será a hora do próximo cigarro.
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as teias de aranha voltam a me atormentar e tento agarrar o cigarro pra ele não fugir. o cenário onírico apossou minha mente. as luzes amarelo rosadas denunciam a irrealidade. minhas mãos tremem ao segurar o papel e esperar o desverdear do semáforo. não foi necessário. pude pisotear o tablado listrado antes da minha permissão semiótica.
pela possessão de nerval, ao errar pelos caminos encontrei um nostálgico refúgio. debaixo das escadas, com bancos vermelhos incrustrados pelos pingos de chuva, perecia no dia dos mortos aquela cafeteria fantasma, que nunca se viu aberta.
não estava alheia à sinfonia transitória, mas imersa no âmago sujo do subterrâneo. não consegui entender como ainda não vivem aqui os também marginalizados territorialmente.
como orbe do feitiço urbano, dependurava-se pelas estruturas um recipiente, que me foge o nome. adornado por flores que esperam o beija-flor, ele irradiava a luz dos postes. os raios refratados começaram a me prender, voltaram as teias de aranha. ouço passos na escada vindo em minha direção. é hora de retomar o labirinto das pedras.
salute café
meus dedos começaram a se embrenhar mas encontrei um parque. as formigas trilham o seu caminho amparadas por meu banco e meu cigarro deixa sua fumaça empestear. brinquedos diversos, pintados nas cores primárias, tomam minha visão.
me lampeja a visão da figura amada. dói essa fusão de sonho memória e realidade. a distinção se torna mais difícil a cada bailar dos ponteiros e as figuras diminuem a cada trago.
a fumaça assume minha face e perco a visão. agora adormeci de sonho, realidade, ilusão.

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