jeudi 8 décembre 2011

escorre, corre

o corpo que petrifica diante do mundo que não cessa um segundo, se torna imóvel pela hipertrofia de movimento. o choro jorra natimorto, seco desde a geração; o pensamento autofágico, de turbilhão canibal; o abscesso que apodrece por dentro, putrificando pele sã; os rasgos, messiânicos, permitindo o êxodo das vísceras. os dentes deram lugar às gengivas sangrentas, sou apenas filetes tentando escapar.

pra dedos que desaprenderam a escrever

eu me sequei e fiquei tanto tempo assim, aberta, que de tanto evaporar tudo puiu. e as longas sinfonias mudas, os quadros púrpuras de hematomas, o etanol intravenoso hidratando a amnésia... descascaram minha face. sem rosto nem traços, vulto no papel em branco, na noite fosca. esqueci como era enxergar a pele homogênea, o corpo unitário, a cidade fora das chamas. meus olhos se tornaram cinza-escuro, meus cabelos nublados, e a pele, granizo espatifado. meus gritos, trovões engolidos. e a tempestade não cessa de desabar. cicatrizes são sequelas de quem realmente morreu.