mardi 12 octobre 2010

lucia com som de t

lucia cambaleava. bambeavam as pernas e tremiam as mãos ao ver ou sentir o cheiro, dentro do ônibus lotado, do homem que ela almejava seu.
lucia via a sombra de seus cabelos cacheados na parada de ônibus e sentia seu baixo ventre se umedecer. aproximava-se àquela construção amarela bizonha com medo e preocupação. tinha medo de sentir aquele cheiro que só lembrava uma trepada ao amanhecer.
de tanto tremer, deixou seu cigarro recém aceso perecer no chão pútrido.
pegou o primeiro ônibus interestadual e se foi.

sambaeamor

queria ter samba e amor de madrugada. não esse samba amor pictórico, de bêbado rotativo que causa distúrbio tal como iggy pop desnorteado e sem música. um samba e amor que tem gosto de creme bombardeando as veias. cansei de gozar entre as pernas durante conversas insossas no bar. cansei de vagar sem rumo, embriagar-me em busca do desconhecido que só é a mesma frustração repetitiva de nojo pela humanidade.
o meu samba e amor deveria ter uma cadência gostosa, uma síncope de cheiro de suor humano sem arrependimento. sabe, você não é o iggy pop. meu sincero perdão. você só consegue ser a dor da minha impotência. todos vocês só conseguem ser a dor da minha impotência. eu sou a dor da minha impotência.
(se só o cigarro causasse isso, eu estaria melhor que bem)
é raro as bolhas se entrepassarem. eu nunca vou entender vocês. o abismo do absurdo é por demais sedutor. e não tem fim.