mercredi 17 décembre 2008

ode a boemia

nada mais vivo
que a asfixia
do alcatrão

nada mais libertinoso
do que o gosto
da sedução

nada mais incendiário
do que a mente
numa prisão

nada mais... morto
que o silêncio
do meu caixão.

dimanche 14 décembre 2008

presunção

O gato preto. Ah, essa vontade artística que me possui. Lá estava ele, contrastando nos minuciosos movimentos com o cinza urbano do asfalto e suas linhas amarelas. O reluzente amarelo, mesmo das luzes de natal envoltas nas árvores. O mesmo gato preto, eterno gato preto a azucrinar. Sua presença torna tudo fúnebre, me dá calafrios. Não sei como ele pode gostar de tal gato. Ele se sente bem, acaricia-o. Deve ter um instinto materno, por isso toda essa perseguição. É, ele só me lembra de minhas impossibilidades. Essa capacidade fatídica do não-amar. Mas foda-se.
O gato preto. Por mais clichê que isso possa soar, ele só aparece na noite. Igual às prostitutas, igual ao meu instinto devasso, igual ao álcool. Não, o álcool está em todo lugar. Mas o prazeroso prazer do cigarro, do cheiro esfumaçado, da lisergia.. ah, esses sim só aparecem à noite. Sem o sol tudo brilha mais, é o próprio, o eu sem intervenção. O sol só ofusca, atrapalha, cega. E o gato disso tudo deve saber. Fica por aí, a espreitar nossos movimentos bruscos, nosso sexo explícito, nossa bebedeira na fossa, nossa solidão. A solidão solitária, a solidão na multidão, a solidão com o cigarro. E ele lá, só a observar. Nada mais tem a fazer na vida, assim como nós. Mas forjamos o labor; ele não, ele admite sua condição e vive, como observador passivo. Sim, às vezes nem tão passivo, como quando faz questão de vir se esfregar, se roçar em mim. Será que ele crê que vai achar algo como, amor? É, o gato seria tão ingênuo e inócuo quanto ele. Ah, ele. Não sei como senti prazer com a perda.
Cansei dessa coisa axiomática. Aaah, quero amar, quero sofrer, quero que doa. Não quero ser alheia a tudo. Não quero ser esse gato preto, observador invisível do universo. Ou do meu micro-universo. Ou é tudo pretensão minha, e ele ta realmente se fudendo pra isso tudo. Quer apenas caçar seus ratos, e andar sem rumo. Sem paradeiro. Como eu.
Ou não.

vendredi 12 décembre 2008

remoto.

estou refém da tecnologia que dilacera pensamentos. na âncora da ociosidade, tentador fruto rubro, vermelho sangue, da produção nula. a conexão wireless de todas as mentes pós-modernas, que vivem, respiram e transpiram midiaticamente. controle invisível, de tanta onipresença. não há bucolismo, não há natureza, não há escape ao alcance dos satélites, direcionados a sua dominação.
lobotomia vinda da infância, torna-se cego à todas outras alternativas. cultura, laboriosamente lapidada durante os séculos, só pode ser vislumbrada quando distantemente lembrada num programa de tv durante a madrugada.
ninguém foge do controle... do controle.

(ah, se eu conseguisse desligar)

jeudi 11 décembre 2008

duplo infinito

solitude
amplidão interior
do sofrimento bebemos no açude
na fonte, bebemos da dor

momento vazio.
frio, ao vento aberto
o corpo lânguido, esguio
deixa o oco descoberto

que nada faça sentido
que a vida, passe em vão
a rotina, história já lida
cotidiano sem inovação

lundi 17 novembre 2008

condição de embriaguez

tudo fosco, tortuoso. os conceitos não mais se aplicam. filosofia distorcida, descamba em literatura de bueiro. pensamentos-dejeto, deturpando a consciência coesa. tudo balança. angústia da obrigação, consequentemente da inatividade. ah, solidão cercada. necessito o mal, o mau, o cheio-vazio mais todas as antíteses prazerosas ao ver das letras.
virtualidade dos contatos sociais. talvez, não generalizada, partindo do princípio de que meu ponto de vista idiossincrático é demasiadamente subjetivo, referindo-se propriamente a mim. talvez seja apenas comigo, e com a minha representação de mundo. com o meu alcoolismo individual, com a minha não-linearidade, com a minha dependência da alteridade, que, na realidade, nada acrescenta. continuo sempre na insatisfação.

amarelo

tenho o papel, a caneta, as pessoas... e a solidão. o nada a dizer, o vazio filosófico, o movimento constante, o devir. a cerveja, levedo malte, o cigarro, nicotina alcatrão. o cansaço da frustração.
rodeado do cheiro do nada, inebriação pelo vazio. conexões inconstantes, que ---- tem a dizer.
o vácuo é tão cansativo, minha condição de espectador já saturou. por mais que procure urgentemente agir, é como se moldasse vento. minha interação é facilmente dispensada. a problemática dos sentimentos então, tinta invisível. singularidade tão singular e individual, que pode ser reduzida ao absurdo do nada.
tanta prepotência por ----.

vendredi 31 octobre 2008

público

o suicídio sim seria a única questão valiosa de ser problematizada. não enxergo fraqueza a desistência na realização de tal ato. a consumação do suicídio denota extrema força de vontade e clareza. teleologicamente, aceitando-se o suicídio, sua vida tem a finalidade do fim, acrescento, o fim quando você decidí-lo como tal. a decisão pelo suicídio demonstra tal domínio de si e liberdade, quando as consequências de tal ação sobre os outros e sobre a realidade não mais importam, não impedem de fazê-lo. nem digo cometê-lo, pois tal palavra impele a uma concepção errônea de culpa, de crime, de errado e mau. nada há de mal no pleno controle sobre a própria vida, extremizado ao ponto de se ter o poder de mantê-la ou não como vida. suicídio é o ápice de consciência do ser e da liberdade de opção de ser, ou apenas não.

jeudi 30 octobre 2008

tuberculose da maldição

a auto-antropofagia em que você se consome, se deteriora, se esgota. gasta todos os seus recursos em prol da sua própria decomposição, escolhe se martirizar, neurotizar. vira escravo da paranóia, operário da psicose. sua força de trabalho cria apenas sua própria destruição. o amor-próprio já foi carburado, e te faz caminhar em direção às brasas flamejantes da loucura.

mercredi 22 octobre 2008

flutuante

mergulhei na languidez nicotinesca. cada passo novo, único, excêntrico. esse cheiro nublado, esse vento polar, acrobata das cigarras.
o chão domado do roxo pisado, olhos vibrantes, extenuantes. pulam as letras de acordo com o movimento pendular das pernas.
é, tudo isso é meio sem sentido. o sol já saiu mesmo.

vendredi 26 septembre 2008

paródia

É impossível delimitar o que é ser humano na sociedade pós-moderna. Diversas concepções ontológicas já surgiram com o passar dos séculos, mas nenhuma captou a verdadeira essência do humano, se é que o humano possui uma. Ou a essência do humano é demasiadamente mutável, ou ele carece de uma.
O homem da antiguidade, o homem do ilimitado (ápeiron), o homem do mesmo princípio de todas as coisas, o homem em conjugação com o mundo, com a physis, morreu. A concepção naturalista na qual se viam imersos os homens da Grécia Antiga não mais identifica o homem atual. O uno, o fluxo, e a unidade do movimento nada mais explicam.
A cidade também não mais confere identidade ao homem A pólis, agora metrópoles, não fagocita (no bom sentido) o homem, a cidade não possui mais tanto poder de transformação sobre o homem, ele não é nem se sente na cidade. O trabalho, que já foi razão e sentido da vida, fator determinante desde o nascimento, agora não passa de meio de sobrevivência.
Com toda a revolução biotecnológica, o homem não sabe ser por si mesmo. O homem depende totalmente dos aparatos técnicos para afirmar-se como homem, nada sabe fazer sem o auxílio da tecnologia. O homem, de certa forma, troca seus instintos por inteligências artificiais. As telecomunicações substituíram estradas de terra, as videoconferências poupam horas de viagens, a energia elétrica substituiu a fogueira e deu a luz a milhões de aparelhos, os quais os homens atuais não conseguem desvencilhar-se, imaginando a vida impossível sem eles.
Espera-se até superar o cárcere físico, o limite corporal determinado por sangue, ossos e gorduras. Pretende-se transmitir nossos impulsos cerebrais à hardwares, atingir a máquina humana, computadorizar o pensamento. Ultrapassar a imortalidade.
Porém, ultrapassando a imortalidade, ainda seríamos humanos? Não seria a finitude intrínseca à concepção humana? E, ao transcendermos o corporal, a ligação eterna às máquinas seria humana? A meta, a perfeição, seria a inteligência artificial? O homem se vê no não-humano, lá procura completar-se. A nossa condição humana caminha cada vez mais ao não-humano.

dimanche 24 août 2008

entre 5 e 6, não há diferença

Esqueci. Estou confusa, e não sei por quê. Agor vejo, a grama seca, devastada pelo clima. As árvores ironicamente altas. O céu intensamente azul, nenhuma nuvem. Tudo isento de umidade.
Não sei o que faço aqui. Vejo uma bolsa, um livro ao meu lado. Estou no meio de tudo. Acendo um cigarro, esfumaçar as idéias. Estaria eu fugindo?
De quê? Para onde?

Os clichês me resumem. Minha profundidade é superficial. O oco do cerne.
Refaço o caminho das pedras, volto para casa. A janela entreaberta, a cortina semi-transparente. Tudo contribui ao clima introspectivo e mal-iluminado. Cheiro de tabaco, cigarro apagado. Sinto a nicotina em mim. Deito. Penso.
Em quê?

Nada. Supervalorizo o vazio do meu pensamento, creio especial o nada além de ordinário. Dói. Dói doer o que não devia doer, importar. Paredes cheias.
Pensamentos palavras paredes pinturas. Abstratos. Forjo uma significação para o nada. Preguiça, ócio criativo? Deveria admitir a falta de funcionalidade da minha existência.

Preciso. Preciso de outro vácuo para me completar, preciso de um maior vazio para me afirmar. "bom". Efêmero. Sofá, textura amarela, veias de madeira. Janela entreaberta, céu limpo. Horas a observar o que carece de observação.

Quisera parar o tempo. Melhor ainda, voltar o tempo. Evitar tais desastres fatídicos. Quisera eu que a rotina não houvesse me consumido. Quisera eu não ter fumado aqueles cigarros. Quisera eu não ter flertado com o céu. Quisera eu que a janela não fosse tão sedutora. Que a queda não fosse tão. Degradante.



nada mais dói.

mercredi 30 juillet 2008

ai5

a cidade sopra tristeza. nem o reluzente verde-folha ou o imaginário azul-celeste ofuscam tal cinza-metropolitano doentio. quando tudo vai passar? essa rotin fatídica dói, suga, corrói. absorve todas as mínimas fagulhas de vida, já emigrando de mim. nem o vermelho, sangue de sol, me salva. pois é proibido. tudo proibido. viver é proibido. é proibido proibir.

lundi 14 juillet 2008

ao ponto de partida (axiomas)

encruzilhada de caminhos idênticos, que não levam a lugar nenhum. tal oxigênio, indispensável ao complexo e vital metabolismo celular, são as decepções, as indecisões e as infinitas viagens mentais.
é a vontade que dói. a vontade extrema de não querer, essa "querência" eterna, ganância inata não-material que causa falência múltipla de órgãos e sentidos.
querer o não-querer é desejar a morte enquanto se foge dela. o meu eterno retorno.

lundi 7 juillet 2008

fool's paradise

estou exausta. sou regida pela primeira lei de newton. essa vida social não é para mim. fonte primária de angústia.
o aneurisma deveria fuzilar-me de uma vez. não aguento mais a lobotomia. as vontades. as decepções.
diário de uma vida malograda.

lundi 23 juin 2008

eu, combustão eterna

vazio... o que completaria a existência humana? só se é completo com laços fictícios, amorosos e sanguíneos? não posso ser por mim mesma? cultivo meu individualismo saudável, onde há lugar para ser. apenas ser.
morte aos hipócritas. moralismo disfarçado de cafajestagem. o maior e mais cruel individualismo é o que finge não ser. finge-se indiferente.
tem o passional ponto a explodir.

ode ao nada


dimanche 22 juin 2008

águas de março

todos estão por demais absortos em seus próprios problemas. pessoas sucumbem a cada instante devido à solidão melancolicamente extrema, no meio da multidão, e ninguém simplesmente vê.
ninguém nada enxerga além do próprio nariz. outro grande mal da sociedade pós-moderna. humanos fedem.

mardi 10 juin 2008

tédio

sinto a brisa do vento
no oco de meu esquife
do nada sou o rebento
da vida, sou o patife

motivo sou de vergonha
da raça dita humanóide
que a vida boêmia proponha
que me entregue ao alcalóide

não acho razão nem motivo
para tal existência banal
da vida, sempre me esquivo
mas nunca alcanço o final.

jeudi 22 mai 2008

corda

um. dois. três. passam-se os segundos. minutos perdidos ao olhar o relógio pra não perder os minutos. angústia. o tempo não passa. tudo continua igual. as mesmas indagações sem respostas, as mesmas feridas sem cicatrizar.
a bateria não acaba. minha consciência, pra sempre desperta. o fim não existe se não posso enxergá-lo. apenas acaba. sem eu saber, nem perceber, pluft.
são sempre os mesmos sessenta minutos.

lundi 12 mai 2008

ácido fluorídrico (sem polietileno como isolante)

ódio. pesar. gotículas salgadas que escorregam das órbitas.
quando será o estopim? há décadas estou cansada disso tudo, mas continuo nessa lúrida decadência, repetindo compassadamente esse sofrimento tétrico.
relacionamentos sociais são reflexo da busca incessante pela dor. é demasiadamente destrutiva essa renúncia, estou engasgada de tantas mágoas engolidas, escondidas em minha garganta.
quero gritar, vomitar tudo. excretar tudo que há de ruim em mim, dissolver minha existência em ácido.
desintegrar tudo é meu desejo mais profundo.

dimanche 4 mai 2008

tempo I

período de 60 segundos. interminante reflexão da luz, nas gotículas mínimas espelhadas da chuva. espalhadas, aleatórias, inesperadas. calefação instantânea.
seria a transitoriedade dos pingos de chuva análoga à efemeridade da nossa vida? a fugacidade do tempo nos expreme, inutiliza nossos pulmões.
para que resistir? para que esperar?

jeudi 3 avril 2008

samedi 29 mars 2008

cigarrillos

o fumo é o suicídio contemplativo. enxerga-se a lenta aproximação da morte, sem pressa.
delicia-se com cada chaga, úlcera e ferida. sente-se o leve e sutil penetrar do fim.
conforta-se com a perda vagarosa dos órgãos salutares, evidencia-se a dor provocada, o real masoquismo.
a cada tragada, sinto-me mais perto da morte. que sensação estonteante!

mardi 25 mars 2008

tearing apart

é impossível suportar o peso da própria existência. as mazelas são um fardo que só nos permite seguir uma direção: o fundo do poço.
estamos todos sujeitos às leis físicas. a gravidade só nos puxa para baixo. a gravidade é a constante da decadência.

vendredi 14 mars 2008

rising sun


double pack paradoxal

tento engolir o ar, mas não consigo. a aflição me domina, súbito. estou sufocando, meus pulmões afogando. vejo a refração nas burbulhas da morte. às contemplo. é tempo de contemplação. tempo de retlhação. tempo de redenção.





ah! como apreciar as minuciosidades do mundo me relaxa! passear pelo verde distinto e singular das gramíneas, sentir o leve formigar do estalo dos dedos, me embriagar com o doce odor das flores emberbes... como tudo desperta e renasce minha vontade de viver. viver devagar. um de meus paradoxos.

essas paredes são cárceres de pensamento.

samedi 8 mars 2008

palavras favoritas

meus pensamentos não mais transbordam. ultimamente, nem mais pronunciam-se.
essa idéia fatalista de que viver é agonia prende-me na estagnação, no estupor da depressão.
até a melancolia nostálgica dói. dói pensar que fui subitamente feliz. dói pensar que descartei tudo. dói gostar de doer.
não me deveria ser atraente sofrer.

jeudi 28 février 2008

rain

meu cérebro está comprimido pela aflição, tenho que aproveitar meus últimos instantes de lucidez.
a loucura clama por meu nome, simulacros paralelos expulsam-me incessantemente.
toda essa tempestade assemelha-se às tormentas do meu pensamento, quisera eu ser atingida por um descarga elétrica fatal (atraída pela minha condição de ânion) para acabar sem culpa essa insatisfação.

mardi 26 février 2008

nowadays

sua vida se resumiu ao humano. onde foram as divagações sociais e delírios bucólicos? mergulharam na sombra do amor e estão prestes a se afogar.
por que tamanha aflição diante dos sentimentos, esfera genuinamente humana? o amor se resume apenas à troca de gametas! não é motivo para dor em demasia, lágrimas desnecessárias.
desperdício de vida! há tanto para ver, tantas formas a sentir, um mundo a compreender. não ofusque sua visão por um bípede dotado de glândulas sebáceas.

dimanche 24 février 2008

pulso

Devaneios, desvarios passageiros
Mínima distância, perigo iminente
Deslumbre eterno e derradeiro
A cidade em ruínas, decadente

Sempre a mesma podridão vigente
Pessoas em decomposição constante
Corações necrosados, boca sem dente
Exala um odor fétido nauseante

Os vermes nunca levantam-se da lama
Não há visível escapatória
Os moribundos continuam presos à cama
Agradecemos a deus sua glória.

samedi 23 février 2008

rousseau

e aqui de volta estamos
impossível resistir à tentação
adeptos da poligamia viramos
difícil foi viver sem sua atenção

como me alegra esse seu olhar
brilhante, verdeando meu mirar
olhos oblíquos, cigana dissimulada
suas mãos me deixam extaseada

quase me mata de saudade
essa sua ausência desnecessária
displicência apenas por vaidade
sua falsidade foi por demais hilária

admita que sentiu minha falta

dimanche 10 février 2008

buraco

o vácuo se expande dentro de mim. a paralisia domina todos meus membros. meus pensamentos estão opacos, foscos. não sei o que acontece.
os valores morais sublimaram. minha índole vazou cano abaixo. minhas idéias, se esconderam com temor.
estou vazia. sem nada, no fundo. nem elétrons resistem à imensidão do meu buraco negro pessoal.
sugo e centrifugo, nada deixo sobrar.
tudo destruo, estraçalho.
nada sobrevive à mim.

mercredi 6 février 2008

my moon

esperança... ó sentimento flagelador! consome toda sua chama da vida na espera que não leva a nada! criador de ilusões deliciosas, que fazem com que se mate aos poucos com a dor de nunca poder alcançá-las!
é a virtude dos fracos, dos que já nascem derrotados. esperança é a vergonha e o peso morto de toda a humanidade. não nos deixa progredir, prendendo-nos ao inatingível.
a esperança deveria ser a primeira a morrer.

mercredi 30 janvier 2008

bears

estava entregue à maré de meus pensamentos, tão inebriada com o eco da noite anterior que a dor dos hematomas me deliciava.
deixe afundarem a angústia e a ansiedade enquanto aproveita a coagulação do sangue.

samedi 19 janvier 2008

charlotte sometimes

leveza... quero me alienizar. contemplar os pequenos prazeres da vida, forjar uma alegria quiçás depressiva.
fingir e ser se tornaram um. pandora deixou a última palavra voar caixa afora.
não tenho mais com o que me desapontar.




o inseto voltou à minha mente. subitamente, tive um desejo de terminá-lo. levantei-me e fui.
há tempos não sabia o que era espontaneidade.
tenho que aprender a viver, e não a me destruir.

lundi 14 janvier 2008

humanóide

todos são iguais. com toda veracidade, posso afirmá-lo.com tua idéia de bondade e singularidade humana, sei que vais confrontar-me. mas são sempre iguais.não importa onde, quando ou quem. é sempre tão previsível. o comportamento em sociedade é previsível. e como é nojento também.um dia, tornar-me-ei zaratustra.

samedi 5 janvier 2008

fagocitose

impressões da vida, dor
o mundo qual bela sinfonia
dança, cadência. estupor
sinto-me livre no som da eufonia

tudo fica a girar, desnorteado
tal meus neurônios, sem sinapse
já meu cérebro, despedaçado
com a sonata atinge seu ápice

lentamente, reverbera em meus ouvidos
toda a amplitude, grandiosa
o clarão da lua aguça meus sentidos
e acaba estática, majestosa.


(belas dores intermitentes, não cessam em desconcentrar-me)

jeudi 3 janvier 2008

ano novo que de novo não tem nada