lundi 20 juin 2011

quisera eu te fagocitar
pra poder te ver toda vez dentro do espelho e te quebrar em mil pedacinhos
nos meus 42 anos de azar.

mercredi 15 juin 2011

será que perecerei nesse eterno atraso da anterioridade de 20 pedras?

reflexos vazios

e aqui me sento, em meio a essa areia microgranulada que tende em pequenez ao infinito, fecundada pelo seco (curiosa essa proximidade do teclado entre o c e o x) horizonte prenhe de azul que já foi virginal, mas que hoje é melangé com o calor que insurge do fulgoroso liminar das alucinações terrenas.
minha epiderme granulada se afunda ao contato com os ardentes microgrãos do deserto, minha pele se torna tela do baixorelevo da dor. não há nada além de mim e do tudo. minha solidão é coroada com espelhos que só refletem

o nada,

samedi 11 juin 2011

estátua

debaixo do céu de baunilha, deixo os poros abertos para ver se ainda sou capaz de sentir algo. largo meu corpo ao relento, ao ar gélido que me lembrará se fui capaz de me anular.
sinto o frio, mas gosto. congelaria ali deitada no banco espesso, sem cor nem vida como eu. contemplo a efemeridade do róseo no céu, mas tudo sempre se torna cinza. a eternidade é cinza.

vendredi 10 juin 2011

ferrões

e a gente é tanta água que se afoga um no outro, engasga de ânsias e saudades e vermelho. tanto vermelho vida morte que cega por exuberância de visão. e eu choro choro engasgo. o meu conforto é saber que o sal do meu pesar é prévia do teu degustar.

maio viscoso

aos poucos o corpo perde a voz, esquece o que sente, pulsa e vive. a morta se aprochega lentamente, não se faz ver nem ouvir. é o esquecimento que esgarça as juntas, afrouxa o colágeno e o que um dia foi a unidade.
o corpo, que mantinha dicotomia completa, que era veículo no mundo e ponte do sentido, entrou em coma. não sente mais.
perdeu sua viscosidade, seu sabor de lenta decomposição, seu sangue salgado se transmutou em ralo líquido avermelhado.
só se dorme. não se sonha.