vendredi 10 juin 2011

ferrões

e a gente é tanta água que se afoga um no outro, engasga de ânsias e saudades e vermelho. tanto vermelho vida morte que cega por exuberância de visão. e eu choro choro engasgo. o meu conforto é saber que o sal do meu pesar é prévia do teu degustar.

maio viscoso

aos poucos o corpo perde a voz, esquece o que sente, pulsa e vive. a morta se aprochega lentamente, não se faz ver nem ouvir. é o esquecimento que esgarça as juntas, afrouxa o colágeno e o que um dia foi a unidade.
o corpo, que mantinha dicotomia completa, que era veículo no mundo e ponte do sentido, entrou em coma. não sente mais.
perdeu sua viscosidade, seu sabor de lenta decomposição, seu sangue salgado se transmutou em ralo líquido avermelhado.
só se dorme. não se sonha.