jeudi 17 décembre 2009

cumus

o barulho do mar, o cheiro de vento salgado. não mais me lembrava de quanta tristeza cabia numa solidão. o amor que se revela repentino, meio a mata mangue mar, sob o escuro pipocado de estrelas e a luz que ilumina o movimento das ondas.
a brisa da maresia fuma o meu cigarro enquanto penso que esqueci como é não estar na multidão. o meu eu pequeno, ínfimo na vastidão baiana de água terra e sol (lua, na ocasião) é temeroso enquanto prazeroso.
meu corpo é granulado de areia e sal.

samedi 5 décembre 2009

coxasobrecoxa

o vazio é lugar de palavras como as pernas abertas, esfaceladas, nervosas, num contato de movimento contínuo e musical com o chão. as pernas sozinhas, maquinadas. sem corpo mas vivas. enfeitiçadas, magia da epiderme, que magnetiza mãos sedentas, insaciadas. como palavras, que farejam paredes guardanapos e extratos bancários, mãos buscam pernas abertas e coxas emberbes.

lundi 23 novembre 2009

relato de morte

música alta, acordes estridentes. risadas e dentes, cabelos esvoaçados, chão grudento de suor cerveja e sangue. corpos escorados na mureta, outros descansados no sofá. corredores tumultuados, tropeço em corpos fundidos num beijo e outros arrendondados entre cinco e seis.
nessa calmaria do caos o som ressoa. as músicas vagueam pelas épocas enquanto os corpos repousam em seu movimento imagetizado espacial.
e é assim que lentamente um corpo cai. na fluidez contínua e social do álcool, um simples desatino toma proporções catastróficas. primeiro, o desastre deixa catatônico. depois, se metamorfoseia em pânico.
o movimento toma proporções maiores e se transforma em correria. uma matilha de corpos corre e escorre escada abaixo. o som continua, talking heads psycho killer. o refrão francês não causa mais o mesmo prazer ébrio em mim. agora ele é revestido pelas figuras pasmas, que paralizam e correm.
o corpo fatídico não pulsa mais. o sangue que vaza é escuro e denso. é o penar que não escorre mais dos olhos. não foi apenas uma, mas todas as vivacidades que sublimaram do chão. o sublime se deformou com a supressão súbita da vida. o grotesco das expressões, os rostos pontiagudos com nojo asco e surpresa foram contagiosos.
todos morreram no mesmo dia.

lundi 2 novembre 2009

quimera 2

não sei por que o céu estava púrpura. as poças no chão, da chuva instantânea que assombra nossas sobrancelhas, refletem cores pausadas e neon das propagandas. lâmpadas esparças afrontam a escuridão dominante do céu e do campo. campo vazio, tomado pelo mato alto que sofre pela ausência de personagens.
o gosto estranho invade novamente minha boca. vontade de cuspir, regugitar. mas tenho medo. arrepia os ossos e contrai os músculos. tento engolir o máximo de ar rarefeito. e seguro seguro seguro...
me conforta o barulho dos pneus no asfalto, e os faróis que vagueiam nas veias asfaltadas. minha cabeça se cobre por teias de aranha, pedestres me estranham.
mas é bom o cheiro do molhado evaporando e do exalar de todas as folhas. minha asfixia anseia por mais vida e mais solidão. me pergunto qual será a hora do próximo cigarro.
.
.
.
as teias de aranha voltam a me atormentar e tento agarrar o cigarro pra ele não fugir. o cenário onírico apossou minha mente. as luzes amarelo rosadas denunciam a irrealidade. minhas mãos tremem ao segurar o papel e esperar o desverdear do semáforo. não foi necessário. pude pisotear o tablado listrado antes da minha permissão semiótica.
pela possessão de nerval, ao errar pelos caminos encontrei um nostálgico refúgio. debaixo das escadas, com bancos vermelhos incrustrados pelos pingos de chuva, perecia no dia dos mortos aquela cafeteria fantasma, que nunca se viu aberta.
não estava alheia à sinfonia transitória, mas imersa no âmago sujo do subterrâneo. não consegui entender como ainda não vivem aqui os também marginalizados territorialmente.
como orbe do feitiço urbano, dependurava-se pelas estruturas um recipiente, que me foge o nome. adornado por flores que esperam o beija-flor, ele irradiava a luz dos postes. os raios refratados começaram a me prender, voltaram as teias de aranha. ouço passos na escada vindo em minha direção. é hora de retomar o labirinto das pedras.
salute café
meus dedos começaram a se embrenhar mas encontrei um parque. as formigas trilham o seu caminho amparadas por meu banco e meu cigarro deixa sua fumaça empestear. brinquedos diversos, pintados nas cores primárias, tomam minha visão.
me lampeja a visão da figura amada. dói essa fusão de sonho memória e realidade. a distinção se torna mais difícil a cada bailar dos ponteiros e as figuras diminuem a cada trago.
a fumaça assume minha face e perco a visão. agora adormeci de sonho, realidade, ilusão.

vendredi 23 octobre 2009

lamparina

queria para todo o sempre. colocaria num potinho de formol para vê-lo flutuar na eternidade. áspero, quente. suas linhas sinuosas, sua delicadeza e inconsequência. e meu estômago insone se revira, expele, me consome vagarosamente pela ausência. ânsia do corpo, vontade do sêmem, germe da dependência.
minha nadja é lugar enfeitiçado, é magia do corpo reificado.

mardi 20 octobre 2009

fs

bosques macabros, perdidos na penumbra da saúde. todo caminho é silêncio e toda solidão essencial. o único som que entorpece é a lisergia das cigarras.
nada descreve porque nada acontece. o mundo é apenas mera paisagem. a idéia o mesmo, conjugando metafísica.



e é tudo alto, sem fim. as folhas negras, que fagocitam claridade, zumbem tal zumbis, e no momento estático, se deliciam de sua perene imortalidade. o topo é tão alto que nem o tempo pode alcançar.

mardi 13 octobre 2009

duas verdades

eu prefiro perder um tempo no lampejo e nas vivências. mas por trás do acrílico e com brilho de perseguição, mas pelo prazer estupefato. pela revelação profética que alaga a íris e contrai a faringe, que bambeia gravetos e disseca corações.
os laços explícitos que parecem cadeias causais da providência são afiar da lâmina nos olhos com óleo vermelho retumbante. cega mas faz cheirar o tatear nas papilas gustativas o gosto da saudade.
a mandíbula não mais se fecha e a boca seca. a sinestesia remete ao instantâneo. o estranhamento que se perde após o ponto ainda deixa reluzir o branco da lacuna sentido. mas você lembra o aperto, o cheiro de testosterona feminina, o sotaque de oposição aoutro amor. e agora segue os nós e sente a palato esfumaçada, a mão pesada em contraste ao corpo leve, as linhas nasais e a frequência da voz.
o aperto penetra do externo pro interno. e as alucinações, a perspectiva grotesca percepção, a cor do movimento contínuo e linear, perene visualmente. ânsia estomacal da sinestesia, paranóia social e ritmos incansáveis do atabaque. querem me matar. quero fumar mas não acho minhas mãos. quero levantar mas o chão repele meus pés. quero mudar de frequência, girar o botão, mas só caibo no mundo dos semi-vivos semi-mortos.
ontologizo a crueldade como existencial, e como mártir esfereográfica, me perco na dor do embaralhar de letras ao esperar que minha redenção me volte ao inferno.

mardi 6 octobre 2009

ha)i(des

descendo pelas escadas do inferno, aquele lugar para onde escoam todos bueiros do niilismo, onde toda procura doentia pela insatisfação se encontra.
o tremor diante do vislumbre do nada, a fadiga da corrida pelo conhecimento e pelo sentido, que encontram a subterrânea linha de chegada, a teleologia da decadência.
é só descer que as forças vitais já fogem, evaporam de ti para a superfície. a ganância do saber leva direto ao cérbero, que ao estraçalhar sua ignorância abençoada, a devolve deglutida e transformada na ignorância consciente e culpada.
a culpa e a angústia são o casal que vão te acompanhar a partir de agora, como ceifadores a espreita da morbidez exalante. o fardo do conhecimento, seguido de ignorância, empurra para o calabouço do tártaro.

lundi 21 septembre 2009

tic feixes fótons

o tintilar dos ponteiros do relógio são nada mais que o moribundo marimbondo, que incansávelmente vislumbra a felicidade da morte encarcerada no globo de luz.

jeudi 17 septembre 2009

venoso

não brilha não toca não vibra. a dispersão não me enlaça com seu prazer. me deixa na ira, no peso das pálpebras que se descolam do tempo e do espaço. condição de presidiário esperando a condicional. ele é tão livre que faz eu me oprimir e me esgarçar eclodindo. a lava inunda por dentro, engole o sangue fogo, hemorragia nas placas tectônicas. minha gangrena paralisa mas não amputa.

mercredi 9 septembre 2009

090909

o banho do frio e do cruel torna-se um
existencial
tenta-se alcançar pela via errada do particular
o universal

nem mais a chama
flamejante e irascível
nossa loucura proclama
o fogo ininteligível
que lava, alveja e almeja
transmutar a ordem vigente
ou apenas enterrar o medo com cinzas, findas com nossa credibilidade.

apenas queima, e desgasta. vai morrendo aos poucos, marcas das brasas que já perderam a vermelhidão. a inconsequência que se veste e se esconde em conceito. ao pular as fagulhas, se esquece e perde o eu.

samedi 5 septembre 2009

mrnt

bolhas de ar que falham, na tentativa protetora de negar a embriaguez. distorção cerebral que pari a não-coerência verbal, e o deleite estético do extrato ao avesso, pleno de discurso sem significação. idiossincrasia afirmadora do eu, vergonhosa que se esconde na descartabilidade do panfleto, tal qual vestuário de valentina.
desnecessário.

colônia de férias

digerir, tragar as palavras, que tanto doem e mutilam. e que são indeléveis, incansáveis. não se cansam de tal assombro, de fantasmagorizar nosso eu etéreo. que tentam manter um elo de compreensão, na impossibilidade de contato com a alteridade. que provêm as mais pervertidas e profanas visões do outro.

o outro é o que mais pesa (e vicia) no eu.




pedacinhos fragmentados que insistem em ser de cargas opostas. quebra irreconciliável que não existe fora da aglomeração.
condição fragmentária do ser. mosaico que denota sua peculiar beleza no rejunte, refúgio da singularidade. excentricidade dissônica e desconexa, mas ideal.




gosto de me sentir cheia que nem sopa de letrinhas, que se esvazia e se torna plena a cada gole, traço de tinta esfereográfica.

samedi 15 août 2009

particular absurdo social

o bar não é nada além do acúmulo de insatisfação. tantos seres desejantes, plenos de incompreensão, se afogam na sedência pela busca. o objeto procurado, talvez nem tenha tanta importância. mas a vontade, e a dor pela falta, essas sim são a razão da vontade. a vontade da insatisfação, e a busca masoquista que, num vício doentio, já vislumbra a opacidade do nada.
a prisão circular que nos reduz a roedores, na abstinência do tato. o tato etéreo, superficial, do social a vontade da multidão, que só intensifica a cor do solitário.
pra que a procura pelo outro, sendo que nem o eu fragmentado conseguimos sentir?

é por isso que de nós transborda o absurdo.

dimanche 9 août 2009

bce

bancos quentes, fumaça no rosto mas o vento é puro. e o primeiro cheiro de vida já me seduz. desde o sobretudo pesado, suado embaixo do sol de meio dia, aos cabelos grandes, loiros esvoaçados.
me dá vontade de levantar, mas logo lembro da repugnância, e do desejo ímpeto de me consumir corroendo meu estômago de fumaça.
tenho vontade do branco e do verde, quero me entorpecer pra ver se vivo e adormeço. cansei do cinza mórbido das olheiras, e da vermelhidão sóbria dos olhos.
mas quero entorpecer enaltecer o particular, alheio. a tudo e a todos. fugir da prisão da linguagem e independer da compreensão.
simples baforadas já me esfumaçaram de vida, mas volta. a brasa do cigarro não é tão quente quanto um corpo. não tem a umidade da experenciação.
o que sempre complica é o depois. e o agora, ao se constituir como depois do antes. e o antes, por não ser nada além do depois da solidão primordial.

lundi 3 août 2009

nasalidade

a obsessão doente da madrugada
que atiça a centelha do vazio
a pele, pelo frio ofuscada
o calor, preso num desvario

mente vazia, oficina do diabo
a vermelhidão mãe dos prazeres
toque no puro e no sujo, do rabo
o utero decompoe-se em simples dizeres

fetos escorrem pelo chão imundo
à sombra do mais fajuto ciume
amor paranoico, de pesar profundo
da decadencia esgarço ate chegar ao cume

dos prazeres, sou toda a morbidez
da genialidade, sou a margem da loucura
na suspensão existencial perco a lucidez
a vontade é encarcerada na censura

samedi 25 juillet 2009

0.2

ah, o prazer da suspensão existencial. o perecer visual, vidrado na tela colorida, mil revoluções por minuto. movimento que prende na estaticidade, dinâmico que dilacera vontades. tudo isso para não ser.
tânatos, minotauro de creta, cada vez mais inspirando nossa sombra. pra que pensar se posso me anular na alteridade visual?

mercredi 22 juillet 2009

molhadinha

morbidez dos prazeres
decrepitude do ódio
insaciabilidade do conflito

jorra o gozo
agridoce
néctar esporrado
gosto sádico
do tato

a busca quente
da alteridade
incompletude.

a experenciação do outro
é molhada.

lundi 22 juin 2009

0.1

afastando, polarizando negativamente, a pura (t?) instância pensamento. que dói, que inibe, que mata lentamente. sodomiza, rasga, e para. petrifica a centelha do viver.

mardi 28 avril 2009

a possibilidade da impossibilidade me estremece. paraliza meus pés. corta o fluxo sanguíneo. essa inércia da supra-consciência angustia. dói. aflora a vontade de morte. potência caótica-destrutiva do esclarecimento.

samedi 18 avril 2009

there's no

esses tijolos cor-de-barro, involtos pelo cimento cinza-concreto, continuam a me rodear. não rodear, pois essas retas do corredor infinito tudo formam menos uma curvatura de 360º.
esses tijolos. capturam a fumaça, no clima da penumbra. e a respiração se torna difícil. concentração então, impossível.
o monóxido de carbono faz o coração bater mais rápido. e, novamente, a angústia se incorpora. o estático só torna o paralítico mais forte.
visão ofuscada. tudo parece tijolo na penumbra em pleno verão. a música vai crescendo, atingindo o ápice da aflição.
para que solos de sete minutos?
o estômago vai se corroendo aos poucos, pura auto-destruição. pedaços de comida voltam, junto às cinzas do cigarro. tal chaminé entupida de fuligem, nada mais passa por aqui.
o lastro de fumaça preso no tubo de ensaio, sufocando tudo que já nasceu morto. tudo se corrompe. continuamente.
cada momento de epifania resgata mais e mais aquele gosto agridoce da morte. da inquietude diante a paz. da calmaria inexistente no pacífico.

dimanche 5 avril 2009

esporos perolados, esqueléticos. sugados pela brisa. não, pelo turbilhão aéreo, caos do impalpável. espiral do vazio ao nada. sai do campo físico para a decomposição. plenitude atingida junto aos vermes do chão.

dimanche 29 mars 2009

inexpressão

é inefável. cai uma unha, depois um dente. lábios podres, fígado em queda livre. uma torrente de partes corporais. a degradação emocional impele ao fracasso físico.
hanseníase espiritual.

dimanche 22 février 2009

solitude

a potência suicida aflora ao soar da primeira simples nota. torna-se desnecessária e dispensável a imponência e magnitude catastrófica do acorde.
na solidão a cinza primavera nasce. regada a cerveja e alcatrão, ela lavra, prepara e semeia o terreno, pequeno jardim individual, da destruição.
com seus míseros três minutos e meio destrói uma vida. que se recompõe novamente ao próximo arfar da bateria.
a inquietude prevê e precede a paralisia da solidão. abundância que escorre de tanto eu. ramificações cada vez mais vazias e cada vez mais complexas na constituição do eu individual.
eu individual que sozinho sou todos.
seis minutos de dor.

samedi 14 février 2009

e se agora, neste pleno nublado maldito instante, se minha cabeça ex ou implodisse, voasse mísera carne moída pelos céus, ao impacto de uma bala de chumbo, eu estaria satisfeita. plenamente satisfeita.

lundi 9 février 2009

overlived

as vozes humanas, distantes 4 andares de mim, soam como zunidos, grunhidos irritantes da insignificância vertebral. todos chafurdados nesse gueto, beco visceral e escatológico que é a noite, exalando a fétida e paradoxal vivacidade.
aquela fumaça quente, emergindo dos bueiros com todos aqueles seres semi-vivos semi-mortos, que mantem sua morbidez decrépita se alimentando dos restos e dejetos, sugando o xorume metropolitano.
humanos subterrâneos. (sub)urbanos?

mercredi 28 janvier 2009

hole

fico aqui, destilando meu veneno na redoma da solidão. olhando, esperançosa e miserável, procurando por um reflexo, miragem ou ilusão.
deleito-me com meus próprios sussurros, sibilando qualquer prosa desconexa. o temor pelo sonho me mantem inerte, nessa vida opaca, já escrita e repetida.
cores e formas são as mesmas, tudo vira escuridão no final. suponho que nem o começo de tal melodia feliz conseguiria novamente me inflar.

lundi 19 janvier 2009

odisséia individual

aquela impotência. aquele círculo sem fim de privação, de cotidiano, monotonia rotineira. a angústia pelo novo aflora cada vez mais e mais e mais e mais. e grita. no extremo agudo, azucrina meus sentidos. e sufoca. e para no fundo do poço, de novo ao cárcere circular.
até as palavras são as mesmas. a paisagem então, o mesmo cheiro. epifania da amnésia.
os mesmos dias, o mesmo tempo. imutável e infindável. continua aquele suplício, o ouvir mínimo da faca ao adentrar. sentir o alargar dos tecidos, células epiteliais. o corte vai profunda, rasga, esgarça e estira tudo. o vermelho-sangue tudo inunda.
a cor viva da morte nos afoga.

mardi 13 janvier 2009

xangô

os anseios, malogrados, espelham o brilhar da lua. a névoa pairava sobre o lago. solidão. essa seria um de meus perpétuos.
do frio do parapeito, exalando aquele cheiro molhado de dias de chuva, posso ver as negras manchas da lua. e ficam a flutuar as memórias.
música alta, cacofonia. o frio da madrugada, assusta na espera aurora. e a solidão, a bagunça da multidão, os desconhecidos a atormentar e confortar.
a única aparência familiar consegue, de tal brilho lunar, ofuscar. cega ao ponto de trazer as lágrimas e o pranto, e suprimir o desejo de ver.
sua resplandecência, contato, a esboçar o mundo a sua volta. e eu sentada, definhando. enquanto eu perco a vida, ele ganha.
nem o álcool acaricia os lábios. nem a fumaça do cigarro propicia meus suspiros.
estou enterrada, morta. morta no meio da festa, tal lua roubou minha esbanjante vida.
e pensar que ele desperdiça tudo assim, jorrando iluminação crepuscular.
que pelo menos em teus desenhos, minha decadência seja um perpétuo também.

mardi 6 janvier 2009

insônia

sumi, tão flamejante
despercebida, fui ao ocaso
a brasa, tão escaldante
migrou ao eterno descaso

paixão, tão derradeira
o toque, foi tão fugaz
o amor, contemplo faceira
por medo, não corro atrás

a efemeridade do fogo
apagado, só frustração
transmutou em geleira, estorvo
as cinzas da decepção.